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O desprendimento do despenseiro

“Se o faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro que me está confiada.” 1 Coríntios 9:17. A vida de um cristão autêntico é demonstrada pela atitude de um simples despenseiro. A despensa é o local da casa, palácio, escola, hospital onde se guardam os mantimentos. O despenseiro é o encarregado que cuida da despensa. Ele é o responsável pelo controle dos gêneros armazenados, fornecendo os víveres sempre que forem requisitados.

Como ecônomo, precisa tomar cuidado com a previsão, para poder moderar a provisão da casa. Ele é o administrador que tem o encargo de vigiar o estoque e atender a demanda, para que não falte suprimento, tanto na despensa, como na cozinha. Paulo aqui se compara com um despenseiro e apresenta a particularidade efetiva da mordomia cristã. Nas fronteiras do Reino de Deus não há senhores ou proprietários de coisa alguma. Todos os servos de Cristo são somente mordomos nesse mundo. “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.” Salmos 24:1. O Senhor é o único dono do mundo, e nós somos seus mordomos.

A verdade capital da mordomia cristã aponta para tudo o que tocamos como propriedade de Deus. Ele é o titular do universo, amo e patrão de toda a criatura, que mediante a sua graça nos permite gerenciar algumas coisas. Mordomia cristã é algo semelhante com a postura de Potifar ao admitir José como o superintendente de todos os seus bens. “Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso de porte e de aparência.” Gênesis 39:6.

O cristão não é proprietário de coisa alguma nesse mundo, mas um mero criado responsável pela administração do patrimônio de Deus. Mas tenha cuidado, pois um gerente pode ser displicente na sua tarefa, outro pode gerir determinado apenas pelo dever, enquanto outro ainda pode ser um gestor motivado pelo poder sublime do amor. Lembre-se que, você e eu não somos cristãos por acidente. Deus nos escolheu por sua graça para sermos participantes do seu Reino e mordomos dos seus bens. E a graça não torna a mordomia algo opcional. A obediência diligente e alegre é a marca distintiva de uma mordomia verdadeira. “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” 1 Pedro 4:10.

A mordomia na esfera da graça não é uma alternativa para gente inconsistente, nem um mero dever para uma turma bem-mandada. Creio que o assunto vá além do que afirmou Paul Rees quando disse que, a mordomia não é um ato de deixar uma gorjeta sobre a mesa de Deus. É uma confissão de uma dívida impagável contraída no Calvário. O formato da oferta na vida do crente é mais do que uma expressão de gratidão ou o impulso de ressarcir uma dívida. É o testemunho vivo de uma libertação profunda quanto ao domínio dos bens na vida dos seres humanos. Poucas coisas são tão poderosas como a amabilidade, e nada é tão amável como a generosidade. “Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.” 2 Coríntios 8:2.

A mordomia cristã é a graça de Deus libertando os seus filhos da tirania da posse, e concedendo a alegria de participar no projeto mais saudável, na edificação dos outros e na promoção do seu Reino aqui na terra. Por outro lado, Deus tem um método secreto para recompensar seus santos. Ele toma providência para que eles se tornem os primeiros beneficiados por sua própria beneficência. A alegria da generosidade é a retribuição mais eloqüente desse serviço, de modo que já está recompensado, quem contribui com alegria. J Blanchard diz que a alegria é o resultado natural da obediência do cristão à vontade revelada de Deus. Se não há alegria na vida cristã, alguma coisa está errada. A mordomia do crente não é uma mera obrigação fomentada por um dever moral. A questão ainda é a mesma. Se você ama a Cristo, o amor é a resposta da alegria em contribuir. “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” 2 Coríntios 9:7.

O dízimo não é uma gratificação pelos serviços do garçom. Deus não age na base da recompensa e a fidelidade movida pelo interesse não faz parte dos estímulos da graça. Quando a Bíblia fala de dízimo não está se referindo a uma propina para merecer a bênção, muito menos, uma remuneração pelo arrendamento dos bens. O dizimo é o piso a partir do qual caminhamos na estrada da liberalidade. Ser um despenseiro no Reino de Deus é ser um agente da graça na administração fiel dos recursos que lhes são confiados. A fidelidade é um dos constitutivos da generosidade cristã. “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.” 1 Coríntios 4:2.

João Crisóstomo, um dos pais da igreja, dizia que, a fidelidade em coisas pequenas é uma grande coisa. Para Jesus, tanto a fidelidade como a injustiça, sempre partem do pouco para o muito. “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.” Lucas 16:10. William Plumer também afirmava: “Aquele que não é liberal com o que tem, simplesmente engana-se a si mesmo quando pensa que seria liberal se tivesse mais”. O crente que é fiel no pouco que tem, dificilmente será infiel quando tiver muito. O temor reverente a Deus e um amor evidente pelo Senhor Jesus Cristo são as causas da fidelidade em quaisquer circunstâncias. Creio que, se há uma coisa que golpeia hoje o coração do Senhor da igreja, com intensa dor, esta não é mais a iniqüidade do mundo, pois o Senhor já pagou a conta do pecado, mas é a infidelidade da sua igreja.

Joseph Parker insiste: “O que o mundo necessita hoje é de homens que tenham visto a seu Senhor. A visão da fé fomenta a fidelidade”. Todo aquele que é um genuíno resultado da fidelidade de Deus, não pode se enveredar pelas ruas da traição. O despenseiro de Deus não dispensa a fidelidade nas pequenas coisas. Gosto desse pensamento de Elton Trueblood: “Se a fé de um homem não afeta a sua algibeira, então a sua fé é fingida. Mas, a maneira como se dá, vale mais do que aquilo que se dá”. O pouco da oferta da viúva pobre, dado com desprendimento, valia mais do que o muito oferecido pelos ricos arrogantes.

Antes de você se tornar um ofertante, você deve ser transformado em uma oferta, como os crentes da Acaia. “E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus”. 2 Coríntios 8:5. Quem não se dá ao Senhor de todo coração, não consegue dar com júbilo, no seu coração.

Finalmente, onde devemos contribuir? Com quem devemos colaborar? Estas são algumas questões que muitos crentes desejam se inteirar, para contribuir com segurança. A Escritura mostra que você deve cooperar com o ministério onde recebe o alimento espiritual. A expressão tosca deste roceiro pode ilustrar este ponto. A ovelha sempre aduba a pastagem onde come. O método voisin que multiplica os piquetes favorece o tema, já que o gado fertiliza o capim onde pasta. “Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas àquele que o instrui.” Gálatas 6:6. Participe materialmente com os que partem e repartem o pão espiritual. Contribua com a comunidade onde você compartilha a sua fé. Colabore com os santos que pela graça de Deus são os instrumentos para a pregação legítima do verdadeiro evangelho e que promovem a edificação do corpo de Cristo. Seja fiel à vontade do Senhor, comprometido com a sua missão nesse mundo.

Busque no Senhor a direção para ser uma bênção nos projetos que são abençoados por ele. Lembre-se que você é mordomo e não dono, por isso, não seja omisso nesse compromisso, nem veja nisso um ensejo para vangloriar-se pelo fato de poder contribuir. Toda glória pertence a Deus, e ao despenseiro cabe tributar com alegria e desprendimento, louvor e glória ao Senhor que lhe fez participante do seu Reino. Aleluia! Amém.

Glenio Fonseca Paranaguá é psicólogo e pastor titular da I Igreja Batista em Londrina, Paraná.